Numa entrevista exclusiva, Pedro Magalhães, CEO da Europalco, fala sobre o percurso da empresa, a aposta na inovação e o que planeia para o futuro da empresa, no setor dos eventos corporativos.
Entrevista completa:
A Europalco nasce em 1997, quando o seu fundador e atual CEO, Pedro Magalhães, começou como disc jockey aos 16 anos. Nos seus primeiros anos, a empresa trabalhou com bandas, principalmente como fornecedor de som e luz. Hoje, vocacionada para eventos corporativos e com um produto chave-na-mão, evoluiu para ter mais de 120 colaboradores e umas extraordinárias instalações de 42.000 metros quadrados em Sintra (Lisboa) que permitem realizar mais de 1.500 eventos por ano.
Nesta entrevista, teremos a oportunidade de saber mais sobre um líder apaixonado como Pedro Magalhães, o seu percurso profissional e a visão que o levou ao sucesso. Falaremos também sobre as tendências no sector dos eventos e os desafios que a indústria enfrenta atualmente.
A Europalco foi criada por si quando tinha 16 anos e trabalhava como DJ. Hoje em dia, realizam 1500 eventos por ano e são a empresa número 1 do sector no Sul da Europa. Imaginou isto? Como é que chegou a este ponto?
Nunca imaginei que chegaríamos ao ponto em que a Europalco se encontra atualmente. Sempre fizemos o nosso trabalho de forma diferente, com novas ideias, e as coisas aconteceram naturalmente.
Porque é que acha que Portugal tem eventos empresariais tão espectaculares e que são difíceis de ver noutras partes do mundo?
Com o tempo, conseguimos demonstrar aos nossos clientes a importância de investir em eventos, mostrando-lhes que obteriam melhores resultados. Ao apresentar eventos que surpreendem e não só apresentações, conseguimos captar melhor a atenção dos participantes. Desta forma, obtêm-se resultados superiores, uma vez que os eventos tornam-se mais atrativos e eficazes na transmissão da mensagem.
Uma das coisas que nos chamou a atenção na Europalco é o facto de fornecerem absolutamente tudo para um evento, desde mobiliário, palcos, material têxtil, carpintaria, audiovisuais e muito mais, algo absolutamente único no mundo em empresas de serviços para eventos.
Também nos surpreendeu o uso que fazem da tecnologia para enriquecer os vossos eventos com audiovisuais muito impressionantes, e o facto de estarem constantemente actualizados com as últimas tecnologias.
Em que medida acha que os seus clientes apreciam o empenho da Europalco em utilizar a tecnologia mais recente?
Os nossos clientes procuram todos os dias soluções diferentes e diferenciadoras, querem um evento único. Na Europalco, investimos muito para desenvolver produtos únicos para os nossos clientes.
Uma vez que a nossa revista está muito centrada no som, diga-nos que marcas e sistemas de áudio utiliza normalmente e qual a importância que atribui ao áudio nos seus eventos.
A marca de áudio que utilizamos na Europalco é a L-Acoustics, e temos praticamente todas as séries desta marca. Normalmente, o som nos eventos é muitas vezes negligenciado, uma vez que os clientes não lhe dão muita importância e costumam dizer-nos que, desde que se consiga ouvir, está tudo bem. Há dois meses decidi mudar esta perceção sobre o som em eventos. Investimos num sistema L-ISA da L-Acoustics, formámos a nossa equipa na utilização do sistema e apresentámo-lo ao mercado. Já fizemos quatro trabalhos com este sistema e os clientes disseram-nos que o som é algo que a partir de agora vão valorizar muito mais nos seus eventos.
E quanto à Iluminação?
Em termos de iluminação, a nossa principal marca é a Ayrton, mas também trabalhamos com outras marcas como a ROBE, Prolights, MA, Avolites, entre outras.
Como gere e coordena eficazmente todas as diversas áreas para garantir que cada evento é um sucesso?
Com todas as opções disponíveis na Europalco, tudo se torna mais fácil. Do lado do cliente, em vez de ter de falar com vários fornecedores e coordenar todos eles, só precisa de comunicar com um gestor na Europalco e não se preocupar com a coordenação de montagens e equipamentos. Também é muito mais fácil para nós, pois não estamos dependentes de terceiros para fazer o nosso trabalho. A coordenação das equipas é muito mais fácil porque estamos todos muito habituados a trabalhar em equipa.
O que faz para se manter a par das últimas tecnologias e tendências do sector?
Procuramos participar nas principais feiras do sector para ver o que há de novo. Também visitamos feiras de tecnologia fora do sector audiovisual, porque por vezes noutros sectores de atividade encontramos soluções que podem ser adoptadas no nosso sector.
Qual é o estado dos vossos planos de internacionalização?
Neste momento, estamos numa fase final de consolidação em Portugal, com a integração de três empresas portuguesas: a NEW Audiovisuais, AV Tech e Rise Produção Criativa. Desta forma, conseguimos uma cobertura de Norte a Sul de Portugal. Estamos atualmente a considerar a incorporação de empresas de sectores complementares em Portugal. Estamos também já a avaliar possíveis empresas fora de Portugal para se juntarem ao nosso projeto de expansão internacional.
Procuramos empresas sólidas e reconhecidas nos mercados onde operam, empresas que tenham uma base muito semelhante à da Europalco.
Tenciona aterrar em Espanha?
Espanha e outros países são uma possibilidade, mas ainda não temos nada de concreto.
Está a tentar trazer eventos internacionais para Portugal? Em caso afirmativo, que medidas estão a tomar para o fazer?
Sim, já o fazemos há vários anos, participando em feiras internacionais com stand próprio ou em conjunto com o Turismo de Portugal. Procuramos empresas que ainda estão a explorar destinos para os seus eventos. Com a nossa presença nestas feiras, podemos apresentar a Europalco a potenciais clientes, demonstrando que em Portugal temos todas as condições para apoiar e gerir os seus eventos.
Que práticas sustentáveis utiliza na Europalco para implementar internamente nos vossos eventos?
Desde janeiro de 2024, a Europalco é certificada ao abrigo da norma ISO 20121 para a Gestão Sustentável de Eventos, mas mesmo antes de sermos certificados, já estávamos a contribuir para a sustentabilidade. Esta norma dá prioridade à mitigação do impacto ambiental, social e económico.
Quando produzimos materiais específicos para eventos, procuramos sempre materiais que possam ser reutilizados ou doados para uma segunda utilização. Por exemplo, encontrámos uma solução para a impressão de tecidos que normalmente não têm uma segunda vida: transformamo-los em sacos e doamo-los.
No domínio do audiovisual, tentamos adquirir equipamento que também cumpra os regulamentos ambientais.
O que significou para a Europalco a entrada da Vallis Capital e que impacto teve na empresa?
A entrada do capital da Vallis na Europalco trouxe várias vantagens que são muito visíveis atualmente. Um exemplo claro é a própria expansão da Europalco com a integração de outras empresas e a visão de expansão internacional.
O que é mais procurado pelos clientes em termos de tecnologia audiovisual?
Os clientes não nos pedem nada em específico, perguntam-nos o que temos de diferente, e é esse o nosso desafio: encontrar sempre soluções diferenciadoras.
Nos últimos meses, adquiriu três empresas do sector dos eventos em Portugal para aumentar o seu alcance em todo o país. Está prevista a realização de novas aquisições num futuro próximo?
Sim, estamos à procura de empresas que possam complementar os serviços prestados pela Europalco em áreas de negócio em que ainda não somos muito fortes.
Ficámos também impressionados com o espírito de equipa e o orgulho de pertencer à empresa por parte do vosso pessoal. Como o conseguiram e que ações empreendem nesse sentido?
As pessoas são a melhor coisa que temos na Europalco. Num negócio desafiante como o nosso, procuramos encontrar o melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Esforçamo-nos por proporcionar sempre as melhores condições a todos aqueles que, dia após dia, dão o seu melhor pelos nossos clientes.
Entre as muitas coisas que pudemos oferecer aos nossos colaboradores, há algo que foi um sonho tornado realidade para todos os nossos colaboradores e as suas famílias há dois anos: o nosso programa de apoio aos colaboradores, a que chamamos Show Care. Este programa consiste em apoio jurídico, psicológico e nutricional, entre outros, totalmente coberto pela Europalco e extensível aos trabalhadores e à sua família.
Como é que vê o futuro dos eventos empresariais em termos de tecnologia?
Acredito que, num futuro próximo, teremos alguns eventos espectaculares. Ao utilizarmos a tecnologia nos eventos, poderemos proporcionar melhores condições aos nossos colaboradores e eventos ainda mais espetaculares aos participantes. Um exemplo, entre muitos outros que poderia citar, é que hoje já temos um sistema de som que pode reproduzir sons diferentes na mesma sala para diferentes grupos de pessoas. Será possível individualizar esse mesmo áudio de acordo com as preferências de cada pessoa? Tenho a certeza que sim, não há mais limites.
Considera que houve algum ponto de viragem na história da Europalco?
Sim, ao longo da história da Europalco houve vários pontos de viragem. Começámos por organizar festas nas escolas, depois começámos com concertos, e depois passámos para eventos. Mas o momento que considero mais surpreendente foi durante a pandemia. De um dia para o outro estivemos sem trabalho e, mais uma vez, toda a equipa da Europalco demonstrou a sua capacidade de se reinventar. Fomos das primeiras empresas a reconverter a sua atividade, três semanas após o encerramento de todas as atividades, já estávamos a realizar eventos de estúdio. Transformámos todas as nossas instalações em quatro grandes estúdios, tínhamos trabalho todos os dias e , a partir de grandes adversidades, criámos muitas oportunidades. Desta forma, ultrapassamos a situação e conseguimos obter resultados positivos.
Como vê a Europalco daqui a 10 anos?
Espero que daqui a 10 anos possa olhar para a Europalco de fora, com grande orgulho num projeto que ajudei a construir. Espero olhar com orgulho para as outras pessoas que tanto contribuíram para o crescimento da Europalco e que, nesse dia, sejam elas a gerir a Europalco com o mesmo entusiasmo que eu sempre tive.
Fonte: Sonido e Illuminación. (2024, julho-agosto).